O Programa Neuro Food é um guia que usa como base descobertas da neuro nutrição para otimizar funções cognitivas, e em última instância, aumentar nossa aumentar produtividade e melhorar nosso estado emocional. A neuro nutrição é um foco específico da nutrição voltada à alimentação do cérebro. É uma lente pela qual interpretar a nutrição através das descobertas da neurociência de como nosso cérebro interage com os diferentes alimentos, nutrientes e hábitos alimentares.
O cérebro é um órgão, e assim como o resto do corpo ele precisa de energia e nutrição provinda de alimentos para continuar funcionando. A espécie humana se diferencia da maioria dos animais pela sua inteligência racional, e para isso tem um cérebro relativamente maior e mais complexo que dos outros animais. Esse cérebro maior usa muita energia e requer uma vasta gama de nutrientes para funcionar de forma ótima.
Uma das razões pelas quais nosso cérebro conseguiu se desenvolver mais do que os outros animais foi o nosso hábito de cozinhar a comida. Cozinhar nos possibilita absorver mais nutrientes e de forma mais eficiente. Também nos possibilita comer uma variedade maior de alimentos que seriam indigestos se comidos crus. Dominar técnicas de preservação de alimentos também nos permitiu comer alimentos que estariam fora de época. Com acesso a um universo maior de nutrição, nosso cérebro desenvolveu necessidades específicas de nutrientes para continuar em pleno funcionamento.
Assim como os outros órgãos, o cérebro recebe parte de sua nutrição por meio da corrente sanguínea. A outra parte, ele mesmo produz. Os nutrientes essenciais, como os aminoácidos essenciais, são os nutrientes que nosso cérebro não consegue produzir sozinho e são necessariamente adquiridos pela alimentação. Porém, o nosso cérebro é seletivo e não recebe todos os nutrientes que estão circulando na corrente sanguínea.
Entre o cérebro o resto do corpo existe a barreira hematoencefálica, uma estrutura permeável e altamente seletiva que protege o sistema nervoso central de compostos possivelmente neuro tóxicos. Essa barreira filtra quais nutrientes nosso cérebro vai receber da corrente sanguínea, visando a proteção e pleno funcionamento do cérebro. Portanto, é importante entender quais alimentos nosso cérebro aceita e quais podem ser danosos.
Nosso cérebro tem uma relação muito próxima com a nossa dieta. Desde antes de nascermos e muito antes de termos um cérebro desenvolvido, o que comemos está literalmente construindo nosso cérebro. A frase, “nós somos o que comemos” é ainda mais correta quando pensamos sobre nosso cérebro. Os aminoácidos das proteínas que comemos constroem os nossos neurônios. As gorduras e seus ácidos graxos mantém os neurônios flexíveis e responsivos. A glicose dos carboidratos provê a energia para que nossas sinapses funcionem. Até mesmo as fibras que comemos alimentam nossa microbiota que então produz grande parte dos nossos neurotransmissores.
Tudo que comemos está diretamente conectado com a estrutura e funcionamento do nosso cérebro. É crucial saber disso, pois o cérebro é o órgão mais facilmente danificado pela dieta. Esse problema se agrava pelo fato de que ele também é um dos órgãos que mais aguentam danos sem demonstrar sintomas. Nós não conseguimos sentir nosso cérebro. Quando temos dor de cabeça, o que sentimos são os músculos em torno do crânio e não o cérebro. Por isso, os primeiros indícios de Alzheimer, demência, e outras doenças neurodegenerativas surgem anos depois de constante danos ao cérebro causados pela dieta.
Não é à toa que a maioria da literatura em torno de neuro nutrição é voltada a prevenção e reversão de Alzheimer. Essa doença tem tomado proporções epidemiológicas nos últimos 50 anos. E os médicos têm cada vez mais abandonado a ideia de que se trata puramente de um traço genético. Hoje, tanto a literatura quanto a prática médica em torno de Alzheimer têm se voltado aos efeitos da dieta. A epigenética tem tomado espaço nas pesquisas recentemente como uma relação entre nossa genética e a nossa dieta.
A ideia por trás da epigenética é que os alimentos que comemos e os processos que eles desencadeiam no nosso organismo podem modular a expressão dos nossos genes. Ou seja, se uma pessoa possui em seu material genético o gene associado ao Alzheimer, sua dieta pode acelerar, retardar ou até suprimir a expressão desse gene. Essas novas descobertas explicam o crescimento da doença nos últimos anos, apesar da população geneticamente propícia a desenvolver a doença se manter estável. Nos últimos anos, nossa dieta mudou drasticamente, especialmente em países desenvolvidos (onde o Alzheimer é um grande problema) com o aumento do consumo de alimentos processados e diminuição de consumo de alimentos naturais.
Apesar da mudança na nossa dieta ter sido em uma direção negativa, essas descobertas nos dão muito mais poder para retomar a saúde das nossas mentes. Assim como a epigenética, muitos outros tópicos da neuro nutrição tem se desenvolvido recentemente, como a importância da microbiota, relação de alimentos com a neuroplasticidade, sistema linfático do cérebro, neuro-inflamação e muitos outros
É com base nessa literatura de conhecimento que se baseia o Neuro Food, explorando cada um desses tópicos e como ter hábitos alimentares e um estilo de vida que otimizem os benefícios para nosso cérebro.